sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Super 8, Nostalgia, e o Poder do Cinema

Vou misturar a crítica de Super 8 com um relato bem pessoal.

Eu tenho tido um ou outro contratempo ultimamente. Se eu acreditasse em inferno astral, diria que ele teve um delay esse ano. Mas tenho passado momentos bem difíceis de dúvida, inquietação, ansiedade monstruosa, sem conseguir permanecer calmo e focado. Escrevi um pouco disso no texto anterior.

E num momento de extremo furor, meu irmão vira pra mim e fala "Pára tudo. Vamos assistir Super 8. Você vai gostar, vai esquecer de tudo isso". Uma hora depois estavamos lá para assistir o filme que mais prometia no ano. Ele, pela segunda vez, querendo pescar detalhes.



O jovem Joe Lamb está crescendo, e está precisando rapidamente aprender a perder coisas, deixá-las para trás. E a sobreviver momentos ruins. Ele e um grupo de amigos, que vivem confortavelmente numa cidadezinha dos Estados Unidos, estão produzindo um filme, e no meio de uma cena, presenciam um acidente de trem. Pouco depois, coisas estranhas começam a acontecer na cidade, e talvez eles possam resolver o mistério.

A premissa é previsível, quase o resumo de muitos filmes da Sessão da Tarde, e não se complica muito além disso, e dos temores e amores infantis. Mas não estamos falando de um filme comum, nem de um diretor comum. Nem de uma intenção comum.

J.J. Abrahms não só criou Lost, a série mais importante da década (se o final de Battlestar Galactica não fosse um lixo), mas dirigiu dois filmes quase impecáveis no quesito de atingir seu objetivo. Star Trek revitalizou a série de ficção científica, dando um tremendo novo respirar aos personagens clássicos, e Missão Impossível III é simplesmente um dos TOP 5 filmes de ação da história. Esse cara sabe, melhor do que ninguém, usar o que o espectador não sabe em favor da história, sem nunca prejudicar o ritmo e a emoção. Menos é muito, muito mais aqui.

E o que este jovem gênio queria com esse filme? Homenagear outro gênio. Steven Spielberg, produtor de Super 8, e criador de alguns dos mais famosos e melhores filmes, capazes de aprisionar você em uma época e sentir saudade. Depois de ver Contatos Imediatos de Terceiro Grau, E.T., Tubarão, Indiana Jones e Jurassic Park várias vezes e notar que não é possível enjoar deles, você percebe que tem algo especial aí.

E Abrahms vai fundo ao pescar as essências dos filmes de ficção-científica e infanto-juvenis do mestre. E.T., Contatos Imediatos, Goonies, todos filmes com muito ou algum toque de Spielberg que são relembrados aqui. Um trabalho de paixão mesmo.

A história do filme é simples, porém seus personagens não. Não só isso, mas seus atores e a direção criativa de Abrahms, que consegue intercalar ação, suspense e emoção com uma facilidade animadora, criam um apelo tremendo. E mesmo tendo uma trama simples, isso não é motivo para que o roteiro seja mal trabalhado. Muito pelo contrário, é possivelmente um dos melhores do ano. Nuances, personagens ótimos e ocasiões cômicas são jóias inteligentemente costuradas pela trama central. Cenas que vão te contando muito usando pouco, mas significando muito mais ainda.

Aprender que coisas ruins acontecem, e que nós sobrevivemos mesmo assim, com perdão, com coragem e com amigos. O valor da família, o valor de acreditar em si mesmo. Pode ser uma mensagem antiga, mas o jeito que é transmitida, em especial na cena do "Letting Go", me emocionou pra caramba.

Em especial porque era algo que eu precisava aprender naquela hora, e precisei de um amigo pra me mostrar. Toda a amizade e cumplicidade, e a coragem de vencer algo impressionante e inexplicável.

Não só por isso, mas pelo filme ser uma homenagem tremenda ao cinema dos anos 80. E o filme tem muito de como eu mesmo sou. Gente que pára pra discutir zumbis, e cantar besteira com amigos. E gostar de coisas "alternativas" como filmes de terror e miniaturas de trens, conspirações governamentais, viagens imaginativas.

O filme certo no momento certo. Super 8 vai ser sempre lembrado por mim como um filme de qualidade impecável, efeitos magníficos e trilha sonora merecedora de Outro Oscar pro Michael Giacchino. Um roteiro sonhador e nostálgico. Mas também como um momento em que eu precisei experimentar o poder do Cinema, e eu precisava de alguém para me levar lá.

Eu li numa crítica que esse filme é uma lembrança de uma geração de crianças que foram ensinadas a sonhar por professores cineastas.

Muito obrigado, Abrahms. Muito obrigado, Spielberg. Muito obrigado, Lucas.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Path to the Dark Side

“Contos de fadas são a mais pura verdade. Não porque dizem que os dragões existem, mas porque dizem que eles podem ser derrotados.” – G. K. Chesterton

Eu encontrei medo esses dias aí.


O problemático é você se ver naquela situação de “estar do outro lado dos conselhos”. Porque eu sempre fui aquele que diz que “o medo é virtual”, que “el epode ser vencido”, que é tudo um condicionamento da sua cabeça. Que ele não é forte. E não por descuido, não por deixar de vigiar, apareceu medo e decepção. No meio de coisas ótimas acontecendo aqui e ali, um pequeno peteleco no primeiro dominó faz a sua confiança cair, e o seu dia mudar de cor.


Muito curioso isso. Chegar a perceber que eu sou tão volátil. Eu, que confio em Deus e que sou venenosamente otimista!


É de chutar o orgulho nas nozes isso. Altamente beneficiário. Perceber que você depende. Que você sozinho é uma formiga.


Engraçado o Universo me apresentar uma pessoa numa situação de sentimento semelhante, mas de profundidade totalmente diferente.


A Larissa é essa moça magnífica na foto, e ela tem um problema com medo constante na vida dela. Nos melhores dias ela o derrota. Eu recomendo que você leia diariamente o blog dela, espremendoolimao.blogspot.com.


O linfoma que fez o seu sangue ter o mesmo impacto utilitário ao corpo dela do que o forró universitário tem para a arte não ataca só o corpo dela, mas a estabilidade de todo o resto dela. E ela vive isso, usa isso, aprende e não desiste. E ela tem me inspirado.


Porque, já dizia um sábio, incerto o futuro é, difícil de prever. O mesmo sábio que disse que o medo é o caminho para o lado negro, onde a vida é uma mancha fraca e inexpressiva, e o abismo é a realidade.


Já dizia outro, que tem Alguém no controle, e esse Alguém tem planos. Todo dia é difícil confiar nesses planos. Mas não dá pra pensar na alternativa.


"Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais. Então me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei. E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração." Jeremias 29:11-13